O SENSO COMUM

 

Se pensarmos em perguntar para uma criança ou um adolescente o que é ciência ou o que é um cientista, podemos imaginar algumas respostas que receberíamos e arriscar alguns motivos. Muito provavelmente o termo “ciência” seria associado às disciplinas de Biologia, Química e Física. No ensino fundamental, inclusive, essas são as disciplinas que recebem o nome de “ciências”. Além disso, em uma feira científica na escola, é bastante comum ver trabalhos que aparecem mais nesse campo, também. Para cientista, algumas associações que podem aparecer é o trabalho em laboratório, uso de jaleco e auxílio de equipamentos super-hiper-mega tecnológicos. É possível também que associem à invenção de novos materiais e coisas assim.

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Nos moldes atuais, como já foi mencionado, a escola tem uma grande influência nessa conceituação de ciência/cientista. Além dela, a mídia também costuma passar essa imagem através de desenhos, filmes, séries e outros meios. Aí, você pode estar se perguntando: mas isso não é ciência? A resposta que eu dou é: sim, mas é uma definição bem simplista! A ciência é muito maior do que isso. Por mais que as ciências naturais e biológicas tenham ocupado bastante espaço no senso comum, há, além delas, outros tipos de ciência. Entre elas, as Humanidades, grupo em que se enquadra a Linguística.

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E se a escola e a mídia foram grandes responsáveis para a conceituação simplista de ciência, acho que podemos concordar que elas também teriam poder de desmistificar essa crença, certo?

 

 

ETSON, O ET LINGUISTA: APRESENTAÇÃO

 

Meu nome é Vitor Hochsprung e eu sou mestrando em Linguística no PPGL da UFSC, bolsista CNPq e divulgador científico de Linguística no Instagram (@vitorlinguistica). Ultimamente, tenho refletido muito sobre o meu papel de divulgador científico. Junto com essa reflexão, penso nas mesmas perguntas que, no começo do texto, imaginei fazer para crianças e adolescentes: “o que é ciência e o que é um cientista?”. Há quem diga que ciência é um corpo de conhecimentos e resultados, mas eu escolhi me apegar ao que disse Perini (2010), quando colocou a ciência não como esse produto final, mas sim o caminho para obter o conhecimento. Ciência é, acima de tudo, método. Ou métodos. Dentro desse processo, temos práticas de observação, coleta de dados, elaboração de hipóteses, testes, experimentos e muito mais!

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Como divulgador científico, seria um trabalho incompleto não incentivar o público a fazer ciência. Pensando nisso, criei Etson, o ET linguista, um personagem que veio ao Brasil em uma missão científica de analisar o Português Brasileiro (PB) e convocou os meus seguidores do instagram – e agora os leitores do Linguisticamente Falando –  para acompanhar ele nesse processo.

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Eu me lembro dos meus dias de infância vendo pica-pau e adorando os episódios em que aparecia um cientista maluco. Quando cresci, percebi que esses personagens (em pica-pau, outros desenhos e até alguns filmes) eram sempre estereotipados: a ciência em questão nunca era a Linguística, era sempre algo mais ligado à tecnologia ou ciências como Química, Física e Biologia.

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Dia desses, pensei: vou criar um personagem linguista. Abri o “Gramáticas na Escola”, de Pires de Oliveira e Quarezemin (2016), livro que tenho utilizado bastante na minha pesquisa de mestrado, que foca na abordagem científica de gramáticas na educação básica, e procurei a parte em que as autoras sugerem uma atividade em que alunos poderiam ajudar um marciano a caracterizar o processo de negação dentro do Português Brasileiro. Eu lembrava dessa parte do livro, porque, em 2019, eu, a colega Caroline Huntermann e a Profa. Dra. Karina Zendron da Cunha (FURB) tivemos a ideia de utilizar essa dinâmica do ET com uma turma de 8º ano, como parte de um projeto de Iniciação Científica sobre o estudo de gramática na Educação Básica. O grande linguista Chomsky (1998) declarou que um cientista marciano que observasse a Terra certamente se impressionaria com a faculdade da linguagem, propriedade que torna a espécie humana bastante especial. Tudo isso me inspirou a criar o Etson, que já me ensinou a língua dele e permitiu que vocês sejam colocados em contato. A ideia foi criar algo mais descontraído, que sirva para todas as idades e possa ser adequado para o perfil de cada um.

 

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